29 novembro 2005

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso,
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e ouro se agitam
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma. É fermento,
bichinho alacre e sedento.
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel.
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa dos ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança.
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
para-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra som televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre a mãos de uma criança.

28 novembro 2005

Os três meses mais dolorosos...
















Como as grandes tempestades que se abatem sobre o mundo, o dia 28 de Agosto de 2005 ficará marcado como sendo negro na minha história... Nesse dia perdi aquilo que me dava força, motivação, razões de viver. A partir daí, tudo acabou e já nem coisas que faziam vibrar me deram interesse...

É doloroso amar alguém que parte, que já não nos quer, que nos abandona ao mundo de uma forma rápida e quase silenciosa, tal como um balde de água fria que nos cai em cima depois de estarmos várias horas ao Sol.

O que fica? Recordações dolorosas de tudo o que se viveu em conjunto, imagens de uma felicidade que já lá vai, retalhos de um momento que se perdeu, o som de uma música que se sentiu, a sensação que ainda faltava tanto, o sabor a pouco, os sorrisos, as saudades, as lágrimas, a falta de amor, a crueldade da nova realidade, mas principalmente, a solidão...

Assim foram estes três meses da minha vida.

27 novembro 2005

À espera do Sol

(Paulo Martins - Autor, Rita Guerra - Interprete)

No dia em que te foste embora anoiteceu,
Desde esse dia nunca mais amanheceu.
E sei que desde então
vivo na escuridão.

À espera do Sol,
talvez do luar,
à espera de luz
p'ra me iluminar.

À espera de quem
já me fez feliz,
à espera do Sol,
à espera de luz,
à espera de ti.

Agora a noite é a minha companhia,
porque tu foste e levaste a luz do dia..
E sei que desde então
vivo na escuridão.

À espera do Sol,
talvez do luar,
à espera de luz
p'ra me iluminar.

À espera de quem
já me fez feliz,
à espera do Sol,
à espera de luz,
à espera de ti.

E sei que desde então
vivo na escuridão.

à espera do Sol
à espera de Ti!

Sem saber o que irá acontecer

É estranho, doloroso, mas por mais que pense não sei o que irá acontecer...

O amanhã é para mim uma incógnita, uma charada que dificilmente vou resolver sem ter que tomar medidas extremas, sem dar uma volta de 180º que muito mal irei suportar.

Chegou a altura do adeus de muito do que até agora fez parte da minha vida, do reconstruir, do recriar, do reestruturar, embora o tenha medo de fazer, de o sentir, de o ter. É complicado...